Para além dos degradadores de florestas, madeireiros e criaturas afins, nos últimos tempos percebemos a existência de caçadores das cumadres florzinhas. Eles adentram a mata com a única intenção de capturá-las e mantê-las em cativeiro. Pobres coitados. Não percebem a impossibilidade de criá-las em cativeiro. O fato é que a existência destes caçadores dificultam a reprodução e induz a extinção das cumadres. Até o momento não conseguimos identificar o progresso destes mequetrefes, mas já escutamos até histórias de tentativas de tráfico internacional. Observação importante: ao colocar as danadas em receptáculos confinantes, elas possuem a incrível capacidade de se libertar e desaparecer mata adentro. Segue algumas imagens dos meliantes caçadores (ao perceberem algum veículo como este da fotografia, denuncie).
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
domingo, 23 de outubro de 2011
A comadre também aporta em terras sertanejas
Por Paula Raquel
Quero registrar que a nossa Comadre não é um fenômeno da Zona da Mata Pernambucana. Sou do Sertão e meu avô, que residia na zona rural do município de Sertânia, sempre nos contou as estórias dessa pequenina mulher que não deixava ninguém caçar passarinho, salvo fosse deixado um tanto de fumo nas árvores, se balançava nos pés de algaroba no terreiro da casa sede e fazia tranças em rabo de cavalo impossíveis de desatar, sem falar das surras de urtiga que fez muito "caba" macho corre de medo. Sempre acreditei nestas estórias contadas por vovô Seba, rodeado de uma túia de netos, à noite, na calçada, à luz de muitas estrelas. Afinal, por que um homem que matou até lobisomem (pia mermo) iria inventar tanto???
Quero registrar que a nossa Comadre não é um fenômeno da Zona da Mata Pernambucana. Sou do Sertão e meu avô, que residia na zona rural do município de Sertânia, sempre nos contou as estórias dessa pequenina mulher que não deixava ninguém caçar passarinho, salvo fosse deixado um tanto de fumo nas árvores, se balançava nos pés de algaroba no terreiro da casa sede e fazia tranças em rabo de cavalo impossíveis de desatar, sem falar das surras de urtiga que fez muito "caba" macho corre de medo. Sempre acreditei nestas estórias contadas por vovô Seba, rodeado de uma túia de netos, à noite, na calçada, à luz de muitas estrelas. Afinal, por que um homem que matou até lobisomem (pia mermo) iria inventar tanto???
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Sobre a proteção das matas
Existem algumas pesquisas e artigos científicos tratando de Cumadres Fulozinhas. Abaixo um extrato de um deles:
Entre donos e guardiões: a natureza como propriedade particular
Luciana Braga Silveira
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-85872010000200007&script=sci_arttext
"Com efeito, os proprietários de 'Reservas' têm recorrido à descrição dos atributos ecológicos das suas reservas para afirmar o seu direito de propriedade. Porém, também não poupam demonstrações de afeto pelos territórios que julgam ameaçados. Referem-se repetidamente às 'reservas' como "santuários", habitados por entidades sobrenaturais que cuidariam das matas e dos animais. Recorrem a essa ideia colocando-se como guardiões com autoridade suficiente para afastar os 'invasores' auxiliados nessa tarefa inclusive por forças espirituais. É exemplar a fala de uma 'proprietária de reserva', que enfaticamente defende a importância de sua 'reserva' como 'patrimônio da humanidade'. Essa grande proprietária de terras contava estórias sobre a "Cumadre Fulozinha", que protegia sua RPPN e que com frequência era vista por crianças e outros moradores."
Entre donos e guardiões: a natureza como propriedade particular
Luciana Braga Silveira
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-85872010000200007&script=sci_arttext
"Com efeito, os proprietários de 'Reservas' têm recorrido à descrição dos atributos ecológicos das suas reservas para afirmar o seu direito de propriedade. Porém, também não poupam demonstrações de afeto pelos territórios que julgam ameaçados. Referem-se repetidamente às 'reservas' como "santuários", habitados por entidades sobrenaturais que cuidariam das matas e dos animais. Recorrem a essa ideia colocando-se como guardiões com autoridade suficiente para afastar os 'invasores' auxiliados nessa tarefa inclusive por forças espirituais. É exemplar a fala de uma 'proprietária de reserva', que enfaticamente defende a importância de sua 'reserva' como 'patrimônio da humanidade'. Essa grande proprietária de terras contava estórias sobre a "Cumadre Fulozinha", que protegia sua RPPN e que com frequência era vista por crianças e outros moradores."
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Placa para baixar
Centenas de pessoas escreveram solicitando a placa indicativa para áreas de criação e reprodução de Cumadres Fulozinhas. Segue anexo para baixar.
Algumas dicas:
- Coloque sempre em local visível de acesso às áreas de criação;
- sempre de costas para a mata, pois as cumadres podem perceber a interferência e retirá-las (isso depende sempre do cuidado e da forma como você se relaciona com elas);
- indicamos colocar junto das áreas onde encontra-se o fumo e o mel (para que ninguém interfira neste ambiente).
As cumadres na área urbana
Tenho muito o que contar da minha experiência no Recife e nas áreas indígenas com a comade Fulôzinha... a primeira aconteceu no Centro Daruê Malungo, há quase vinte anos atrás... ela é muito viva por lá e testemunhei um relato incrível de um encontro dela com o jovem capoeirista e dançarino Joab...
A última, vivi durante o ano passado durante umas oficinas que realizei com crianças do Caboclinho 7 Flechas, em Água Fria. Dos papos e informações que foram rolando, produzimos coletivamente a história "O encontro do Caboclo 7 Flechas (o rei da mata) com a Cumade Fulôzinha, a dona da mata...
Carmem Bandeira
A última, vivi durante o ano passado durante umas oficinas que realizei com crianças do Caboclinho 7 Flechas, em Água Fria. Dos papos e informações que foram rolando, produzimos coletivamente a história "O encontro do Caboclo 7 Flechas (o rei da mata) com a Cumade Fulôzinha, a dona da mata...
Carmem Bandeira
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Um depoimento
Olá sou o Fábio Caio do Mão Molenga Teatro de Bonecos e recentemente estreamos o espetáculo Algodão Doce, que é uma brincadeira com o doce-amargo da Cultura do Açúcar, seu rico imaginário e suas contradições, desde a chegada da cana ao Brasil. Conta três histórias de assombração (Comadre Fulozinha, As desventuras de Ioiozinho e O Negrinho do Pastoreio) entremeadas por canções originais e danças inspiradas na tradição de Pernambuco. Para saber mais http://www.maomolenga.blogspot.com/. Abaixo a letra da música da nossa Fulozinha.
COMADRE FULOZINHA – canta
(letra: Carla Denise / Música : Henrique Macedo)
Hoje sou eu quem te assombra
Nos restos de mata que a cana deixou
Tua lâmina afiada
É tiro certeiro
Rasga o verde
Queima a esperança
Amanhã a sombra do que fizestes
Num oceano de cinzas se espalhará
Nem a água do rio, nem a água do mar
Nem a água escondida debaixo da terra
Estarão a salvo da tua grande façanha:
Acabar com o que tinhas de graça
Pra ganhar dinheiro e poder
Hoje sou eu quem te assombra
Mas logo o futuro vai chegar
Com a verdadeira assombração:
Terra gasta, água suja, pobreza farta,
Sem ter lugar nem pra uma fulozinha.
COMADRE FULOZINHA – canta
(letra: Carla Denise / Música : Henrique Macedo)
Hoje sou eu quem te assombra
Nos restos de mata que a cana deixou
Tua lâmina afiada
É tiro certeiro
Rasga o verde
Queima a esperança
Amanhã a sombra do que fizestes
Num oceano de cinzas se espalhará
Nem a água do rio, nem a água do mar
Nem a água escondida debaixo da terra
Estarão a salvo da tua grande façanha:
Acabar com o que tinhas de graça
Pra ganhar dinheiro e poder
Hoje sou eu quem te assombra
Mas logo o futuro vai chegar
Com a verdadeira assombração:
Terra gasta, água suja, pobreza farta,
Sem ter lugar nem pra uma fulozinha.
domingo, 28 de agosto de 2011
Novos sócios
Neste domingo ocorreu mais uma adesão a Accuma. Os criadores de cumadres fulozinhas do Sítio Riacho da Mata na Mumbeca (Recife) realizaram um intercâmbio com associados sobre técnicas de manejo. Destaca-se, na ocasião, a qualidade do fumo oferecido as cumadres ali existentes (proveniente de Glória do Goitá), bem como o mel produzido no sítio e consumido por elas. Seguem fotografias da placa colocada no local de alimentação destas, do fumo oferecido e uma terceira foto onde é possível observar um vulto no canto esquerdo da foto (não é uma das comadres existentes lá, é somente uma mensagem de agradecimento fornecida por elas).
sábado, 27 de agosto de 2011
causos e fatos do wikipedia
O verbete "comadre fulozinha" do wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Comadre_Fulozinha) traz algumas questões que podem ser consideradas crendices, coisas do imáginário popular:
"Comadre Fulozinha é uma personagem mitológica do Nordeste brasileiro" - é causo
"espírito de uma cabocla de longos cabelos" - a parte do espírito é causo o restante é fato
"ágil, que vive na mata protegendo a natureza dos caçadores" - é fato
"gosta de ser agradada com presentes, principalmente mingau, fumo e mel" - é fato
"Algumas pessoas a confundem com Caipora (ou Caapora) ou Curupira" - tá danado, agora pronto!
"Tem personalidade zombeteira, algumas vezes malvada, outras vezes prestimosa"- é causo típico de quem quer denegrir, facilitar a extinção da criatura.
"corta violentamente com seu cabelo aqueles que a mata adentram sem levar uma quantidade de fumo como oferenda e também lhes enrola a língua" - essa, deixamos para quem quiser ver de perto
"seu assovio se torna mais baixo quanto mais próxima ela estiver, parecendo estar distante" - fato
"gosta de fazer tranças e nós em crina e rabo de cavalo, que ninguém consegue desfazer, somente ela, se for agradada com fumo e mel" - fato
"Diziam alguns que a Comadre Florzinhas era uma criança que se perdeu na mata quando ainda era pequena ela procurou o caminho de volta para sua casa mais não achou e acabou morrendo e seu espirito passou a vagar pela floresta em busca do caminho de volta para casa" - deu a bixiga mesmo!
"Comadre Fulozinha é uma personagem mitológica do Nordeste brasileiro" - é causo
"espírito de uma cabocla de longos cabelos" - a parte do espírito é causo o restante é fato
"ágil, que vive na mata protegendo a natureza dos caçadores" - é fato
"gosta de ser agradada com presentes, principalmente mingau, fumo e mel" - é fato
"Algumas pessoas a confundem com Caipora (ou Caapora) ou Curupira" - tá danado, agora pronto!
"Tem personalidade zombeteira, algumas vezes malvada, outras vezes prestimosa"- é causo típico de quem quer denegrir, facilitar a extinção da criatura.
"corta violentamente com seu cabelo aqueles que a mata adentram sem levar uma quantidade de fumo como oferenda e também lhes enrola a língua" - essa, deixamos para quem quiser ver de perto
"seu assovio se torna mais baixo quanto mais próxima ela estiver, parecendo estar distante" - fato
"gosta de fazer tranças e nós em crina e rabo de cavalo, que ninguém consegue desfazer, somente ela, se for agradada com fumo e mel" - fato
"Diziam alguns que a Comadre Florzinhas era uma criança que se perdeu na mata quando ainda era pequena ela procurou o caminho de volta para sua casa mais não achou e acabou morrendo e seu espirito passou a vagar pela floresta em busca do caminho de volta para casa" - deu a bixiga mesmo!
Pra começo de conversa
Comadre Florzinha, Cumadre Fulozinha ou Folorzinha. Nomes presentes no imaginário de gente adulta na zona da Mata de Pernambuco ou Região Metropolitana do Recife. Com a diminuição das matas e a disseminação de culturas sulistas e estrangeiras, tais criaturas foram sumindo das histórias e do cotidiano de nossa gente. Mas ainda existe muito cavalo sendo aperreado por estas caboclas de longas madeixas.
Não é mito, não é espírito, não é lenda. Acreditamos que a melhor maneira de preservar as matas atuais é garantir a preservação e a reprodução das cumadres fulozinhas que ainda restam. Estatísticas do IBGE (2009) registram a existência de cerca de 30 mil exemplares somente na Região Metropolitana e na Zona da Mata de Pernambuco (isso porque no agreste e sertão elas são conhecidas por outros nomes, como caboclinhas, por exemplo).
Este espaço é destinado ao intercâmbio de experiências de criação e reprodução, bem como a disseminação de tal cultura. Mantenha contato, apresente suas práticas e não deixe morrer mais uma prática milenar de criação.
Não é mito, não é espírito, não é lenda. Acreditamos que a melhor maneira de preservar as matas atuais é garantir a preservação e a reprodução das cumadres fulozinhas que ainda restam. Estatísticas do IBGE (2009) registram a existência de cerca de 30 mil exemplares somente na Região Metropolitana e na Zona da Mata de Pernambuco (isso porque no agreste e sertão elas são conhecidas por outros nomes, como caboclinhas, por exemplo).
Este espaço é destinado ao intercâmbio de experiências de criação e reprodução, bem como a disseminação de tal cultura. Mantenha contato, apresente suas práticas e não deixe morrer mais uma prática milenar de criação.
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